02 junho 2006

DESABAFO DO PR. RICARDO GONDIM

Estou Cansado

Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensinou que Deus restaura as forças dos que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista.

Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.

Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos.

Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.

Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa.

Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento "científico" da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros! que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas "caiam sob o poder de Deus" para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar "piercing", fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.

Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.

Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja.

Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesias para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.


Soli Deo Gloria.

Pastor Ricardo Gondim
www.ricardogondim.com.br

30 maio 2006

ADORAÇÃO EXTRAVAGANTE

É incrível o que o homem cria para poder chamar a atenção: Adoração profética, adoração extravagante, vamos conversar e ver o que realmente é adoração? Você sabe o que é adoração? Vamos ver:

A Bíblia não diz nada sobre adoração profética ou extravagante, mas tão somente a adoração.

Leia esse artigo (anexo)
http://www.ibva.com.br/mensagens/mensagens_NelsonBomilcar.htm

Darlene Zschech, considera o que é extravagante ou não pela maneira como se manifesta fisicamente, mas Deus sonda o coração do homem e não o seu exterior (Salmo 139 ). Adoração não é algo exterior ao homem, mas interior, Jesus fala de homens ricos que fazem uma grande oferta e de uma viúva pobre que fez uma pequena oferta e disse que a mulher apesar de ter dado menos tinha dado mais por que havida dado tudo (Lucas 21:1-14 ), mas porque Jesus teve que falar isso? Porque aos olhos humanos, aos olhos daquelas pessoas ali presentes os ricos estavam dando mais, mas Deus sonda os corações e pôde ver como no coração da viúva embora aos olhos humanos não parecesse, em seu coração havia mais amor, mais autenticidade, havia adoração.

Que melhor exemplo que Caim e Abel, em Gênesis 4:1-7 vemos que ambos trazem ofertas ao Senhor, algumas pessoas, principalmente adeptos a doutrina da prosperidade citam essa parte da Bíblia para falar que Abel foi aceito porque trouxe as primícias do rebanho, mas isto não é verdade, Deus deixa bem claro no verso 7 que a oferta de Caim não foi aceita não pelo seu conteúdo (como prova digo que mais tarde na era de Moisés as ofertas de cereais também seriam aceitas), mas porque ele não fazia o bem. Mas “bem” aos olhos de quem? De Deus logicamente, é Ele quem decidiu que oferta seria aceita ou não e a de Caim foi rejeitada não pelo seu conteúdo, mas por causa do coração de Caim que não estava procedendo bem (“Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?”).

Não importa a forma que adoramos, podemos arranhar a música ou toca-la certinha, desafinar ou cantarmos como um tenor ou barítono profissional, errarmos ou não a letra, desde que em nosso coração esteja aquilo que Deus considera bom, se procedermos bem aos olhos de Deus, só assim nossa adoração é aceita.

A adoração é uma coisa que ocorre no íntimo do ser, no íntimo do coração que salvo algumas vezes (quando se é manifestada o tipo de vida que a pessoa leva), só Deus pode saber quando uma pessoa está adorando ou não. E seguindo essa linha de pensamento só consigo pensar que não existe adoração extravagante porque não existe adorar mais ou adorar menos, ou você adora ou não adora, ou você é de Deus ou não, ou você é um adorador ou não.
Adoração requer uma vida debaixo da vontade de Deus, adoração não é uma manifestação física, de modo que uma pessoa imóvel orando sentado em silêncio no fundo da igreja pode ser uma adoradora mais autentica do que um musicista cantando ou tocando louvores no altar. Tudo depende de como está o coração, a vida da pessoa com Deus. Quando estamos adorando não estamos mostrando nada a ninguém, mas somente e tão somente mostrando a Deus o quanto o amamos, se alguém ver que estamos adorando isso é um efeito colateral (e bom) do objetivo a qual estamos buscando: adorar a Deus.

Nós adoramos inventar termos e sinônimos para caracterizar algo (rótulos), gostamos de considerar algo maior ou menor, mais autêntico ou menos autêntico, melhor ou pior, se esquecendo que para Deus ou se é ou não se é.

Adoração extravagante existe? Sim, para nós. Mas para Deus a verdadeira adoração não nasce de atos que fazemos, mas dos planos do nosso coração, do nosso sentimento de entrega. Adorar não é um momento de culto, nem um momento de vida, quando somos adoradores adoramos a Deus vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana, porque a adoração não é um ato ou uma manifestação, mas um estilo de vida.

Eu posso cantar louvores, pular, gritar, e dar tudo o que tenho para Deus e ainda assim não ser um adorador se meu coração não estiver puro diante do Pai, se não está buscando fazer o bem de Deus.

Deus busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4:23 ) e não adoradores extravagantes ou adoradores proféticos. Para Deus existe somente um modo de adorá-lo, em espírito e em verdade.

Em espírito significa adorar não de uma maneira religiosa, não de uma maneira obrigatória, ou por ser uma “regra”, ou porque está escrito “adorai a Deus” na Bíblia, mas de uma maneira espiritual. Se você levar uma vida espiritual adorará a Deus de maneira espontânea, não por regras ou dogmas, mas porque você tem realmente uma profunda vontade de adorar a Deus, você o conhece, você sabe o que é a vida espiritual e tem este sentimento de gratidão, exaltação, um sentimento de adorar a Deus, ou seja, é bem diferente da adoração religiosa de muitas igrejas católicas romanas, católicas ortodoxas, do judaísmo, muçulmanos, etc...

Adorar em verdade significa ser autêntico, aquilo que você fala, canta, ora é o que realmente você faz e que você é, a adoração pode ser cantada, falada, orada, pensada, etc... mas quando você canta, por exemplo: "estou no teu altar" você tem que realmente estar no altar de Deus, quando você canta "renova-me" você realmente está arrependido e quer realmente ser renovado, quando você canta "Celebrai" você tem que ter um profundo desejo de celebrar a Deus, quando você canta “sou grato” realmente há gratidão em seu coração e quando você canta “Grande é o Senhor” você realmente o acha grande pelas coisas que tem feito, adorar em verdade é fazer das letras da música as suas palavras, algo que realmente você está sentindo, quando você canta, canta não ao povo na igreja, mas a Deus, o louvor não é nada mais e nada menos que uma oração ou pregação cantada e quando você ora, não ora por qualquer coisa ou de qualquer jeito, mas diz aquilo que está em seu coração, quando você prega, você prega sobre aquilo que você conhece, sobre SUA maneira de ver a Deus.

A adoração em verdade faz com que o louvor deixe de ser somente um louvor e passe a ser uma adoração. Do que me adianta fazer de tudo e ainda assim não ter um relacionamento autentico com Deus? Nosso Deus não é um Deus que se alegra em sacrifícios ou holocaustos, mas em obediência e em que o conheçamos. Adoraremos a Deus em verdade, quando passarmos a conhecer e querer estar sempre debaixo de sua vontade.

Podemos ver que a verdadeira adoração não é algo exterior ao homem, mas algo em seu interior. O que temos para Deus de mais valioso não é o que podemos oferecer, nem quem podemos ou devemos ser, mas sim a vida que levamos e a sinceridade de nosso coração, não há nada oculto aos olhos de Deus, podemos muito bem mentir a homens, mas quem mentirá a Deus? Ele sabe quem é adorador e quem não é, talvez aquele irmão que você acha um adorador verdadeiro, um "adorador extravagante" é só joio no meio do trigo, mas talvez aquela pessoa comum, que você nunca viu cantando ou manifestando alguma coisa a respeito do que é considerado adoração na adoração dita “extravagante”, pode ser o maior adorador que você já teve por perto de você.

Embora saibamos que a verdadeira mudança, a verdadeira adoração ocorre no interior da pessoa e se manifesta exteriormente, jamais devemos esquecer que muitos cortam este caminho, buscam atalhos, mostrando exteriormente ser um adorador, mas interiormente não o sendo, não nos esqueçamos de que sempre existiram e existirão em nosso meio Ananias e Safiras (Atos 5:1-11 ). Pessoas que aparentam ser adoradores, mas na verdade não o são, pessoas que querem parecer santas sem na verdade o ser.

Não existe adoração comum, não existe adoração profética, não existe adoração extravagante, adoração fraca ou adoração forte, nós adoramos rotular coisas, mas para Deus tudo o que existe é tão somente adoração, somente um tipo, somente um jeito, somente uma: a adoração em espírito e em verdade.

Hoje vejo pessoas em busca de uma adoração mais autêntica, fazendo cursos de adoração profética e adoração extravagante, lendo livros sobre o assunto, querendo cada vez mais ser um autêntico adorador se esquecendo que o caminho a ser percorrido para ser um adorador autêntico é o inverso. Não se torna-se um adorador autêntico em cursos, mas sim torna-se a vida cristã sincera, autentica e verdadeira para se tornar um verdadeiro adorador. Na verdade tudo o que ela precisa fazer para se tornar uma adoradora está nela mesma, dentro dela mesma, entregar o seu coração ao Senhor e levar uma vida cristã verdadeira.

Busquemos ver as coisa mais como Deus vê e menos como nós vemos (Isaías 55:8-9 ), busquemos encaixar nosso cotidiano em Deus ao invés de encaixar Deus em nosso cotidiano, um dia chegará a hora que Deus separará o joio do trigo (Mateus 13:24-29) e aqueles que são trigo se espantarão ao ver que na verdade aquilo que estava ao lado dele era joio e não trigo, e o que ele considerava joio foi considerado trigo por Deus, e também chegará o dia em que muitos que se consideram trigo serão considerados joio.

Deus não busca adoração exterior, adoração extravagante ou profética ou ainda outro tipo de adoração manifestada exteriormente ou que inventamos ou rotulamos, busquemos então ser aquilo que Deus quer que nós sejamos segundo sua Palavra, não adoradores proféticos porque não é esse que Deus busca, nem adoradores extravagantes porque Deus também não busca a tais, Deus busca adoradores que o adorem em espírito e em verdade, é assim que Ele quer ser adorado (João 4:24), então busquemos adorar a Deus em espírito e em verdade e o resto se encaixará naturalmente.

Podem me chamar de cético, ou do contra ou louco, mas num mundo em que os cristãos aceitam de mão beijada tudo que lhes é dito, num mundo em que no fim dos tempos haverá muitos falsos profetas, num mundo em que tantos cristãos estão deixando de buscar o mais importante que é o Deus vivo e buscando novos métodos de agradar ao Deus vivo quando os métodos já foram revelados, eu prefiro ser cético, do contra e louco, mas manter minha sanidade espiritual.

Nada foi criado ou dado por Deus por acaso, tudo tem seu propósito, a Bíblia para conhecermos a sua vontade e o discernimento espiritual para saber o que é e o que não é Dele.


Livre reprodução, desde que mantido o endereço de origem: http:\\gracaeverdade.blogspot.com

AS PEDRAS ESTÃO CLAMANDO?

A igreja de hoje está tão preocupada em "ganhar almas" que se esquece de anunciar a Cristo


MATEUS 23

4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;

5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,

6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,

7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.

13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.

15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.

23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.

25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.

26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.

27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.

28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.

37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!

38 Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;

39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.

Não há um justo, nem um sequer .

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. (Romanos 3.10,23,24)


Os judeus gostam de contar uma antiga história sobre um rabino que chegou em casa, certo dia e encontrou sua filha, de nove anos, chorando muito. Perguntou-lhe porque tantas lágrimas. Entre soluços ela respondeu que estava brincando de esconde-esconde com seus amigos. Na sua vez, se escondeu tão bem que os amigos desistiram de procura-la e foram embora para brincar de outra coisa. Depois de mais de uma hora quando saiu do esconderijo, viu que estava sozinha. Na hora que o rabino passava a mão na cabeça da sua filha, consolando-a, pensou: Será que a religião conseguiu esconder Deus tão bem que ele se sente sozinho e abandonado? Não seriam as exigências religiosas um empecilho ao conhecimento de Deus. (É proibido – Pr Ricardo Gondim. Ed Mundo Cristão. Pág 158)

Quando se olha o evangelicalismo de hoje não se consegue dissociá-lo da Igreja Católica Apostólica Romana, ambos seguem o mesmo caminho, a Igreja Católica Apostólica Romana já o trilhou e nós o estamos trilhando, inventa-se leis onde não há, criam-se movimentos que talvez um dia cheguem a uma inquisição, surgem novos dogmas e sacramentos além dos existentes na Bíblia e, enquanto isso, Deus vai se tornando cada vez mais um desconhecido.

Hoje ser evangélico parece doença, virou uma epidemia, de modo que hoje, ser evangélico não é muito diferente do ser católico de uns anos atrás, quando se dizia ser católico mas nunca se tinha posto os pés dentro de uma igreja católica, o conhecido "católico não praticante". O que se vê hoje é uma legião de evangélicos não praticantes, não praticantes da graça de Deus. O homem cada vez mais tenta alcançar a Deus por seus esforços, justificar-se diante de Deus por si mesmo quando isso é impossível, há uma legião de pessoas afastadas de "Deus", digo "Deus", entre aspas, porquê essas pessoas não estão realmente decepcionadas com Deus, mas sim com a igreja que falha, a cada dia mais, em mostrar o verdadeiro Deus e age mais como os fariseus de Mateus 23.

Olhe as músicas ditas "Evangélicas" atuais, que não valorizam mais Deus, se canta "eu preciso", "eu quero", "eu necessito", "eu ordeno". O que aconteceu com "Deus exaltado", "Deus amado", "Deus protetor", "Deus consolador", "Deus misericordioso", "Deus de graça"... Hoje o evangelho pregado na maioria as igrejas não é um evangelho que exalta tanto a Deus, não se preocupa em mostrar a Deus, mas sim em suprir as necessidades temporais dos ali presentes, que logo voltarão com as mesmas e outras novas necessidades e uma hora ou outra verão que o famoso "Jeová da Lâmpada de Aladim" não atende todos os seus desejos.

Hoje se canta "Restitui o que é meu", sendo que: o que é teu? O que se pode dizer o que é seu? Se, de fato, toda sua vida foi entregue a Deus? Josué disse isso? Deixe Josué dizer isso? E daí? Vivemos na dispensação da graça e não na Lei e seguimos Jesus e não Josué. Também se canta "Aquele que deseja o favor do Rei, Toque no altar". Favor = Graça, ou seja, hoje a graça pregada vem por meio de um esforço humano, tem que se tocar o altar, não vem mais totalmente imerecidamente, tem que tocar no altar, a vida e obra de Cristo não vale mais nada, o "Ele nos amou quando ainda éramos pecadores" foi totalmente esquecido, você não precisa de Jesus para alcançar a graça, toca no altar e pronto.

Quando nos daremos conta de que a maioria das igrejas dita evangélicas dos dias atuais está enferma e inchada? Hoje se uma igreja possui muitos membros ela é considerada santa, justa e boa sem levar em conta se o que é pregado, cantado e ensinado ali vai contra a Palavra ou não, se o Jesus dali é um Deus de graça. E a desculpa de que somos seres falhos não é desculpa para se pregar um evangelho falho, Pedro e Paulo são ótimos exemplos de seres-humanos falhos pelos seus erros (Pedro negou conhecer Jesus quando correu risco de vida e mesmo após o perdão ainda teve umas lições como a visão dos alimentos impuros e Paulo assassinou vários dos seguidores de Cristo antes de conhece-lo e mesmo assim ainda teve que aprender mais sobre graça com o espinho na carne), mas quando eles pregavam ou escreviam não saia nada de errado da boca deles, pois o Evangelho é perfeito e se buscássemos tão somente pregar o evangelho, em verdade, puro, bíblico e livre de idéias pessoais não estaria esta confusão de hoje onde se prega mais de um evangelho e ambos são considerados santos, contrariando o que a escritura diz de se pregar outro evangelho, onde se privilegia mais a quantidade que a qualidade, onde a quantidade é um fator determinante do crescimento de uma igreja (não se cresce mais na graça), onde uma pessoa pode freqüentar uma igreja por anos sem conhecer realmente quem é Deus e seu Filho.

Eu já perdi a conta de pessoas crentes há anos, que freqüentavam a igreja ao menos duas vezes por semana, que não conheciam a graça redentora de Jesus, pessoas que viviam amarguradas, com medo, que sempre choravam porquê estavam sempre em pecado, pessoas que buscavam agradar a Deus pelos próprios esforços, por quê assim lhes foi ensinado, quando isso é impossível, que buscavam o perdão todos os dias por um pecado que Deus já tinha perdoado. Pessoas que não conheciam o amor e a misericórdia de Deus, graciosa e espontânea.

A igreja de hoje está tão preocupada em "ganhar almas" que se esquece de anunciar a Cristo, se esquece de anunciar a graça, não ganham almas e sim ganham membros. Nos esquecemos que a salvação não está na igreja mas em Cristo. Anunciar a Cristo não é falar qualquer coisa sobre Ele, não é encaixar o nome dele em qualquer frase e pronto, e sim, é apresenta-lo, dizer quem Ele é, o que ele fez, por quê motivos ele fez, etc... O que Paulo, que se preocupou tanto em suas epístolas em apresentar Jesus e a obra da graça, diria da igreja de hoje? Que epístola ele escreveria para a igreja?

A cada dia que passa a igreja evangélica segue o mesmo caminho da Igreja Católica Apostólica Romana, talvez não estejam utilizando os mesmo objetos de culto como imagens, mas a cada dia mais Jesus e a graça estão sendo relegadas à segundo plano. Hoje o que se faz para se aproximar de Deus é participar de encontros, atos proféticos, fazer um determinado número de discípulos, ditar certas palavras de ordem, gostar de determinadas músicas, exigir coisas de Deus, chegando ao cúmulo de você não poder dar um simples abraço e beijo na pessoa amada sem estar casado e tornando o sexo em vez de uma consagração na vida de casado um mero ato de reprodução humana. E Deus e sua vontade para nós vão sendo cada vez mais escondidos, cada vez mais as pessoas não conseguem ver o glorioso amor de Deus, a sua graça em seu amoroso Filho, estamos preocupados demais em agrada-lo para simplesmente descobrir quem Ele é. Deus não quer aquilo que podemos oferecer a Ele, mas sim simplesmente que o descubramos o quanto Ele nos ama, que o conheçamos e tenhamos vida, uma pessoa amada por Deus não tem valor nenhum, o que lhe acrescenta valor é este amor e Ele nos amou primeiro. Enquanto isso a igreja que deveria apresenta-lo ao mundo, esconde cada vez mais isso (a glória de Deus que está em seu amor, na sua graça e infinita bondade) a semelhança da Igreja Católica Apostólica Romana. O evangelho pregado hoje está totalmente sem sentido, pois o novo testamento é considerado a anunciação da graça, graça que não tem sido anunciada. Então afinal: QUE EVANGELHO TEMOS PREGADO?

Fico pensando no que disse André Comte-Sponville:

O amor que Deus tem por nós, segundo o cristianismo, é, ao contrário perfeitamente desinteressado, perfeitamente gratuito e livre: Deus nada tem a ganhar com ele, já que é infinito e perfeito, mas ao contrário se sacrifica por nós, se limita por nós, se crucifica por nós sem outra razão a não ser um amor sem razão, sem outra razão a não ser a ele mesmo renunciando a ser tudo. De fato, Deus não nos ama em função do que somos, que justificaria esse amor, porque seríamos amáveis, bons, justos (Deus também ama os pecadores, foi inclusive por eles que deu seu Filho), mas porque ele é amor e o amor, em todo caso, não necessita de justificação. "O amor de Deus é absolutamente espontâneo", escreve Nygren. Ele não procurou no homem um motivo. Dizer que Deus ama o homem não é anunciar um julgamento sobre o homem, mas sobre Deus. Não é o homem que é amável; é Deus que é amor.

André-Comte-Sponville embora tenha dito algo verdadeiramente maravilhoso, não tem nada de novo no que ele disse, apenas algo que novamente veio tornar a lembrança e que ele conseguiu sintetizar bem o que é o amor e a graça de Deus. O que torna o que ele disse interessante é que poucos evangélicos dos dias atuais sabem disso e André Comte-Sponville foi um ateu convicto.

Quando um ateu reconhece melhor a graça de Deus que seus seguidores. Quando ele começa a falar algo que aqueles que deviam saber não sabem. Quando ele consegue ver o verdadeiro Deus que a igreja tem escondido. Isto nos faz pensar: será que deixamos de adorar a Deus em espírito e em verdade e as pedras estão clamando? Será que a semelhança da estória que os judeus contam, Deus está escondido a tanto tempo que tem se sentido só e está levantando pedras em nosso lugar? Será que conseguimos esconder Deus tão bem que precisaremos de uma nova reforma para que Deus possa novamente ser visto?


DIGO-VOS QUE, SE ESTES SE CALAREM, AS PRÓPRIAS PEDRAS CLAMARÃO. (LUCAS 19:40)

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