15 março 2010

A IGREJA DO SÉCULO XXI x A BÍBLIA

Admiramos a riqueza tanto quanto os não-cristãos e até mais. Temos o mesmo medo da morte, o mesmo pavor da miséria, a mesma impaciência com a doença. Somos igualmente aficionados pela glória e poder. Então como podem eles crer? Margareth SCHATKIN

Estava eu, andando de trem um dia, voltando do seminário, como sempre, lendo algum livro pedido por algum professor do seminário a fim de fazer algum trabalho, ao mesmo tempo em que pensava em qual seria o tema de minha monografia no fim do ano (coisa pelo qual tenho orado).


Entre tantos pensamentos e atitudes de repente acendeu uma luz em minha mente, parei de ler o livro, havia cerca de 20 pessoas em pé no vagão em que eu estava (entre eles eu) se eu contar com as pessoas sentadas deveriam ter ao menos 80 pessoas no vagão, pelas estatísticas ao menos uma pessoa naquele vagão deveria ser uma pessoa declaradamente cristã evangélica, olhei por todo vagão tentando identifica-la e não consegui.


Meu pensamento foi indo mais alto e pensei “será que eles também me veem como uma pessoa declaradamente cristã evangélica?”.


Quanto mais pensava mais eu subia o nível, comecei a pensar “será que quando saio da igreja as pessoas me identificam como uma pessoa evangélica só porque estou com uma Bíblia debaixo do braço? Será que sem Bíblia eu seria visto apenas uma pessoa bem arrumada e não um cristão evangelico?


Comecei a pensar nos cristãos do primeiro século, que não possuíam Bíblia mas eram facilmente identificados como cristãos. Logo me veio a mente os versos de Mateus 10.32-33 “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus”.


Qualquer cristão minimamente instruído sabe que confessar diante dos homens é mais do que dizer “sim” ou “não” para Cristo, mas sim testemunhar a Cristo em seu viver diário, o que a igreja do século XXI tem feito para que as pessoas não consigam mais nos identificar como fiéis? Como pessoas diferentes do mundo?


Será que nós estamos realmente testemunhando a Cristo em nosso viver diário e sendo aprovados diante de Deus ou temos negado a Cristo em nosso viver diário e sendo, portanto, negados diante de Deus?


Tenho que retornar a Bíblia, ao passado, aos ensinamentos de Cristo e a igreja do primeiro século. Como os cristãos do primeiro século conseguiam ser identificados pelos outros como cristãos se eles nem ao menos possuíam Bíblias?


Paulo em uma instrução a Timóteo nos dá uma pista: Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. (1 Timóteo 4.12). Paulo está claramente dizendo que havia um padrão de comportamento entre os fiéis (cristãos) quanto a palavra, procedimento, amor, fé e pureza que os distinguia dos infiéis (os não-cristãos).


Talvez aí esteja o problema de não sermos facilmente identificados como cristãos, está no fato de que os cristãos não gostam de se diferenciar do mundo e serem tachados de quadrados, batistões, fundamentalistas, sorveterianos, chatos, certinhos ou outras coisas piores. Pelo contrário palavrões fazem parte do linguajar dos muitos que se dizem cristãos, embora a Bíblia fale várias vezes sobre o cristão não falar palavras torpes.


De fato não temos vivido como se a Bíblia fosse a autoridade máxima em nossas vidas, mas sim a segunda maior autoridade. A primeira e maior autoridade em minha vida é o “Eu”. Quando a Bíblia se opõe a nossa vontade não estamos dispostos a carregar nossa cruz e seguir a Jesus, antes negamos, adaptamos, distorcemos ou ainda invalidamos aquilo como uma verdade para nossa vida. Aceitamos certas partes da Bíblia para nossa vida e outras não.


É claro que esse viver é totalmente errôneo, a Bíblia nos diz claramente para sermos como Cristo e sacrificarmos nosso “Eu”. Para que a obra da salvação fosse eficaz Jesus teve que se sacrificar integralmente (corpo, alma e espírito) e não em parte. Ele não falou para amputarem seu braço e colocarem na Cruz, mas entregou-se por inteiro, assim como nós devemos nos entregar por inteiro (corpo, alma e espírito) a Deus se de fato dizemos ser seguidores de Cristo, se nos entregamos em parte não somos seus seguidores, pois Ele se entregou por inteiro e não em parte.


A grande verdade é que as pessoas que se dizem a igreja do século XXI não são reconhecidas pelos infiéis como fiéis porque rebaixaram o evangelho ao nível do mundo ao invés de se erguerem aos altos padrões morais do evangelho. Quando a igreja fez isso?


A igreja fez isso quando retirou do evangelho aquilo que é essencial a sua existência: o amor. Sem amor não há nada que possamos fazer, nada que nos diferencie de outras pessoas e outras religiões porque os grandes mandamentos deixados por Cristo aos que o seguissem são baseados no amor.


Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Marcos 12.30-31)


Retire o amor dos mandamentos de Jesus e você nada terá senão mais uma religião como outra qualquer, o efeito sobre os dois mandamentos de Cristo é real e imediato.


Se deixamos de amar a Deus, não nos preocupamos em viver uma vida santa, de fato muitos cristãos tem esquecido, ignorado ou não conhecem o que significa santidade. Falamos palavrão, como as pessoas do mundo, como se não fosse nenhum problema, falar palavrão não é pecado, de fato a palavra dita, em si, não é pecado, mas ao agir igual ao mundo não estamos confessando Cristo diante dos homens, nosso agir é igual ao do mundo e não diferente. Uma revista evangélica publicou a pouco tempo que os jovens evangélicos fazem sexo antes do casamento, tanto quanto os que não são cristãos. Não há uma preocupação em agradar a Deus porque não o amamos sobre todas as coisas, não há uma preocupação em testemunha-Lo em nossas vidas em nosso viver diário, não o amamos de todo o coração, alma e entendimento, mas o colocamos em segundo lugar, amamos a nós mesmos em primeiro lugar. Só nos preocupamos em agradá-lo se esta atitude não afetar diretamente aquilo que eu quero dizer, ser e fazer. De fato com o amor a Deus rebaixado, todas nossas prioridades mudam, não há uma preocupação em ser santo, nem mesmo uma preocupação com o que agrada e satisfaz a Deus.


Deveríamos ter a preocupação de sermos diferentes e manifestar Deus em nosso viver diário, mas ao invés disso rebaixamos o evangelho ao nível do mundo e nos tornamos mais um no mundo.


Cometemos o pecado da maledicência falando mal dos irmãos, dos nossos chefes, dos nossos colegas de trabalho, fazendo fofocas que nem o mundo faz e achamos normal, embora a Bíblia fale claramente contra esses comportamentos. Se a Bíblia dita estes padrões morais eles não foram postos lá por acaso ou por capricho de Deus, mas sim como uma verdade para o Cristão que deve obedecer para confessar a Cristo diante dos homens.


Infelizmente para muitos Deus é apenas o cara lá em cima e “depois a gente se entende”, vou a igreja no domingo, participo da ceia, oro peço perdão e “tá tudo OK” entre eu e o cara lá de cima.


O efeito sobre o segundo mandamento é diretamente relacionado com o mundo, não há mais amor ao próximo, dificilmente você encontrará “bons samaritanos” no meio evangélico. Alguém que realmente se preocupe com o próximo. Às vezes podemos pensar “Eu doei 1 kg de alimento para a igreja enviar ao Haiti” você não fez nada mais e nada menos que o mesmo que várias pessoas do mundo? Em que isso testemunha a Cristo? Em nada. Estamos aqui para fazer a diferença e não para fazer o que o mundo faz, enviar as coisas para o Haiti é bom, mas há um Haiti todos os dias em nossas ruas, em nosso viver diário encontramos várias pessoas feridas pelo caminho necessitando de um bom samaritano, mas eles não encontram este samaritano, encontram sacerdotes e levitas (ler Lucas 10.25-37). O amor ao próximo diminuiu e o amor ao “Eu” se tornou prioridade máxima “antes minhas necessidades, depois as necessidades deles”, que bom que Cristo não era assim.


Juntamos dinheiro para trocar de carro enquanto conhecemos alguém desempregado com dificuldade de sustentar a família e não doamos uma cesta básica sequer para ele. Se essa pessoa for da igreja, doamos 1 kg de alimento da igreja e achamos que fizemos o suficiente.


As vezes até mesmo tentamos dar uma “rasteira” em alguém no trabalho, mentimos e fazemos coisas piores apenas para alcançar um cargo mais alto, um salário maior e mais status.



Admiramos a riqueza tanto quanto os não-cristãos e até mais. Temos o mesmo medo da morte, o mesmo pavor da miséria, a mesma impaciência com a doença. Somos igualmente aficionados pela glória e poder. Então como podem eles crer? Margareth SCHATKIN



Sim de fato observamos os feridos pelo caminho, os drogados, os homossexuais, os alcoólatras, as prostitutas, as adolescentes grávidas, os prisioneiros, os famintos, os sedentos, os necessitados e não tomamos a atitude do bom samaritano de cuidar destas pessoas.


Dizemos que isso é um problema social. Que bom que a igreja do primeiro século não disse que “isso é um problema de Roma” mas os consideraram seus próximos e agiram como bons samaritanos.


Ame teu próximo como a ti mesmo.


Se tenho sede bebo água


Se tenho fome me alimento


Se preciso me vestir adquiro roupas.


Se sinto frio me aqueço.


Se tenho calor me refrigero.


Se tenho alguma necessidade primária tento sacia-la


Faço estas coisas, pois me amo, e assim deveriamos agir com o próximo, mas não o fazemos.


Quando a pessoa é algum membro da igreja dizemos “isso é problema da igreja” igual aos cristãos do primeiro século, com a diferença que os cristãos do primeiro século se consideravam a igreja e eles tomavam sobre si a responsabilidade de cuidar do próximo, o cristão do século XXI considera a igreja o templo.



Dizer que é um problema social é um grande pecado em si, porque o social por si mesmo, apesar de ser bom ele é falho, de fato temos todos responsabilidades sociais como obedecer leis e pagar impostos, mas deixar essas pessoas para a assistência social dizendo “pago meu imposto para que cuidem deles” é outra estória.


O social sempre será falho, pois ele faz acepção de pessoas, não podemos ficar contando com o assistencialismo social, cuidar dos feridos no caminho não é uma responsabilidade ou problema social, mas uma responsabilidade e problema pessoal de qualquer um que se considere seguidor de Cristo, pois Cristo curou feridos e enfermos, alimentou multidões e fez muitas outras coisas, Ele tomava sobre si a responsabilidade de cuidar dos necessitados, quando um cego clamava Ele ia lá e o curava, ele não falava para o cego se queixar com Roma ou procurar os sacerdotes do templo. Ele tomava como obrigação para si cuidar daquela pessoa, Ele tomava como uma responsabilidade pessoal.


Aquilo que Deus requer está muito acima do social.


O casamento como instituição social é falho, ele é considerado apenas um contrato entre duas pessoas, quem casa hoje daqui a dois anos pode chegar em casa e não encontrar seu cônjuge, apenas uma carta de dissolução de casamento em cima da mesa esperando sua assinatura. De fato o governo quer tanto facilitar o divórcio que já há um projeto para disponibilizar o divórcio pela internet. Já pensaram? O casal começa a brigar por uma bobeira qualquer, o cara vai lá de cabeça-quente no computador e digita www.divorcio.gov.br e pronto, acaba com o casamento. Mas eu pergunto, em que cartório foi registrado o primeiro casamento? Em que cartório está registrado o casamento de Adão e Eva? O casamento é um sacramento e como sacramento é muito mais elevado do que como uma instituição social, é um voto que você faz diante de Deus e qualquer prova de fidelidade ao casamento é tanto uma prova moral como espiritual. Eu não estou falando de fidelidade ao seu cônjuge, mas de fidelidade ao seu casamento, que incluí fidelidade ao cônjuge. Apesar disso cristãos se divorciam quase que na mesma porcentagem que os não-cristãos.


A família é outra coisa que como instituição social não funciona, basta ligar a TV. Pais abusam sexualmente dos filhos, espancam os filhos, filhos espancam pais, fogem de casa, são expulsos de casa... A família como instituição social é falha, mas como uma instituição bíblica ensina que não pode ser dissolvida, que os filhos devem amar, obedecer e respeitar os pais e os pais devem amar, cuidar e educar os filhos.



Portanto esqueça o social, pois Deus nos chama para viver um padrão moral que está acima do mundo, acima do social tomando todos os problemas do mundo como responsabilidade pessoal, se você de fato é cristão e seguidor de Cristo tem que ter em você o mesmo sentimento de Cristo.


Não há uma responsabilidade social, nem assistencialismo social para o cristão, mas sim uma responsabilidade diante de Deus de proclamar o evangelho, o seu amor, de ser sua testemunha e serem confirmados por Cristo diante de Deus.


Engana-se quem acha que rebaixando o evangelho será aprovado por Deus, o evangelho não pode ser rebaixado, ele continua lá em cima com seus altos padrões morais e demonstrando o grande amor de Deus pela humanidade. Aquele que vive um evangelho rebaixado, vive nada mais e nada menos que apenas mais uma religião como uma das milhares de religiões do mundo.


Temos que carregar nossa cruz, temos que nos sacrificar, de fato a forma mais elevada de amor é sacrificial, basta ler 1 Corintios 13.


E de quem é a culpa? A culpa é dos neopentecostais, dos batistas, dos presbiterianos?


Não. Se de fato somos seguidores de Cristo a culpa é minha. Cristo tomou para si os pecados do mundo. Chegou uma hora em que o pecado de todo o mundo era responsabilidade Dele e ele a assumiu. Temos cada um de nós, que nos consideramos cristãos, fazer o mesmo e culpar cada um a si mesmo: “Toda a culpa pelo mundo estar do jeito que está é minha”. Porque temos feito menos do que realmente poderíamos fazer se nos importássemos como o bom samaritano. Poderíamos fazer muito mais se nosso amor a Deus superasse o amor ao nosso “Eu”. De fato diminuir o “Eu”, sacrificar nossos desejos, nossas vontades e deixar de fazer o que gostamos requer sacrifício, mas quem disse que o caminho seria fácil? Quem disse que não iria requer sacrifícios? De certo não é o que a Bíblia diz? Não temos nós que carregar nossa cruz para seguir a Jesus? Talvez a igreja de hoje não seja perseguida, não por haver liberdade religiosa no Brasil, mas porque ela deixou de agir como igreja testemunhando a Cristo há muito tempo. E se de fato assim for, tem sido negada diante do Pai por Cristo.


Podemos nos tornar mais uma religião como a igreja católica, ou podemos voltar a fazer a diferença num mundo que clama para ser curado.


Não vejo outra solução para igreja do século XXI senão um avivamento espiritual, e não estou falando de avivamentismo, não estou falando de falar em línguas, gente rodopiando e caindo na igreja, pipocando. “Não!”


A igreja passou por situações semelhantes na história em que a igreja abandonou o amor a Deus e ao próximo, as pessoas não se importavam mais com santidade e bondade. Frequentavam a igreja aos domingos, mas as semanas suas atitudes não testemunhavam um cristianismo. E nestes casos houveram grandes avivamentos, as pessoas se arrependiam dos seus pecados e reconheciam que não estavam vivendo uma vida cristã sincera. E esse mover do Espírito se espalhava por toda a região as vezes alcançando todo um país. E de novo o amor a Deus e ao próximo retornava. E o cristão buscava viver segundo os altos padrões do evangelho.


De fato precisamos de um novo avivamento, mas de um verdadeiro avivamento, não feito pelo homem, mas do único e verdadeiro avivamento que vem do Espírito Santo que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo.


Talvez assim deixemos de ser apenas mais um no mundo e possamos começar a fazer a diferença, como fez Jesus e muitos cristãos do primeiro século também fizeram. E graças a Ele, ainda podemos encontrar verdadeiros cristãos, pena que eles são tão difíceis de encontrar, a maioria deles não estão nos púlpitos e palcos da vida, mas sim no ostracismo, se importando apenas em amar a Deus e ao próximo, sendo bons samaritanos.


Que os altos padrões morais do evangelho retornem aos nossos corações e testemunhemos a Cristo em nosso viver diário, mostrando que não somos mais um no mundo, mas que somos diferentes e não vivemos segundo os padrões deste mundo mas segundo os padrões de Deus, não segundo “meus” padrões, mas segundo os padrões Dele. Que o cristão é alguém diferente, que é a cada dia do seu viver, aprovado por Cristo diante de Deus.


Algumas pessoa dizem que eu sou duro, eu não me acho duro, eu apenas digo a verdade e a verdade por si mesmo já é dura, sei que com os novos convertidos temos que tomar um cuidado especial, mas para uma pessoa que está a 10 anos na igreja e conhece a verdade e vive uma mentira eu digo a verdade pura e simples se ela julga dura não está nada mais e nada menos que apenas abrindo seus olhos.


Temos a promessa de que conhecendo a verdade ela nos libertará, a verdade apesar de dura ela tem um outro lado, ela nos mostra aquilo que não víamos antes, estávamos cegos e agora como o cego curado por Jesus podemos dizer “Tudo que sei é que era cego e agora vejo”, mas para isso talvez precisemos gritar como o cego de Jericó “Jesus, Filho de Davi tem misericórdia de mim” e mudar o nosso viver, para um viver segundo os altos padrões do evangelho.


E como diz um ditado popular “O pior cego é aquele que não quer ver”

Amém

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