22 fevereiro 2010

SEXO E CASAMENTO

SEXO E CASAMENTO


(extraído de “Rumores de outro mundo” – A realidade sobrenatural da fé, Philyp Yancey, Editora Vida)



"Visto que o casamento é um sacramento, todo teste de fidelidade a ele apresenta tanto uma prova moral como espiritual"




O sexo é uma força tão poderosa que um jovem pode ter dificuldade em compreender como outras coisas podem conseguir ofuscá-lo. A maioria das pessoas casadas lhe dirá que o sexo conjugal não é nem tão fácil nem tão importante como eles imaginavam antes do casamento. Sim, ele expressa intimidade e dá prazer. Mas grande parte do casamento consiste em tomar decisões a cada dia, administrar complicações de carreira e agenda, criar os filhos, negociar diferenças, fazer mágica com as finanças e todos os outros esforços que fazem parte do dia-a-dia de um lar.


O casamento esvazia as ilusões sobre sexo que a mídia nos incute diariamente. Poucos de nós vivem com supermodelos cheias de apetite sexual. Em vez disso, vivemos com pessoas normais. Homens e mulheres que têm mau hálito, odor corporal peculiar e cabelos despenteados; que menstruam ou eventualmente passam por uma disfunção erétil; que ficam de mau humor e nos envergonham em público; que dão mais atenção às necessidades de nossos filhos que às nossas. Vivemos com pessoas que precisam de compaixão, tolerância, compreensão e uma interminável oferta de perdão. O mesmo se aplica à perspectiva de nossas parceiras ou parceiros. O irônico poder do sexo é assim: atrai-nos para um relacionamento que promete ensinar-nos o que mais precisamos: o amor sacrificial.


Para a maioria de nós, anos são necessários, às vezes toda uma vida, para percebermos o significado da união com outra pessoa. Aprendemos os pontos fortes e fracos uns dos outros, conseguindo dividir forças. Aprendemos quando ir em frente e quando recuar. Quando silenciar e quando impor um desafio. À medida que duas pessoas independentes compartilham uma realidade comum ocorre aos poucos um tipo de transfiguração. Surge um “segundo amor”.


Após 33 anos de casamento, tenho dificuldade em separar meu ponto de vista do de minha esposa. Ela me ensinou tanto sobre a natureza humana que, quando lido com pessoas, encaro-as ao mesmo tempo através de seus olhos e dos meus. Não consigo imaginar uma viagem internacional sem levar em conta seu gosto por comidas, suas observações sobre uma cultura estrangeira, sua percepção das belezas.


No decorrer de longo tempo, depois de muita oração e grande esforço, algo novo passou a existir: uma união selada por Deus. É essa união que possibilita enfrentar pressões econômicas, mudanças de endereço, doenças e a perda de familiares e amigos, sem excluir os prazeres que nos atraíram um para o outro logo de início. O que a afeta, me afeta; o que me afeta, também a afeta. Casei-me imaginando que o amor nos manteria unidos. Em vez disso aprendi que precisava do casamento para ensinar-me o que significa o amor.


Jesus indicou a fonte original dessa unidade: Deus a planejou e desejou desde o momento da criação. (De modo significante, na passagem em Mateus 19.1-12, Jesus também endossa o celibato como um chamado superior, não para todos, mas uma “vocação” no Reino dos céus com recompensas inalcançáveis de qualquer outra forma. O próprio Jesus deu exemplo, vivendo uma vida plena, não obstante seu compromisso com o celibato). Ao declarar o casamento um sacramento, a igreja não fez nada além de reconhecer formalmente uma realidade que já existia (v.6). Trata-se de uma vocação, um chamado, passar uma vida juntos em uma parceria abnegada.


Na condição de sacramento, o casamento é cada vez mais um conceito estranho, o qual poucos casais levam a sério, e pouquíssimos ainda o poderiam explicar. No entanto, a idéia é embasada na própria criação. O conceito de um chamado para vivermos em testemunho, estabelecendo comunidades, ou “sinais”, do Reino de Deus numa cultura muito mais ampla e incompreensível. Os sociólogos que escreveram “Hábitos do coração” descobriram que poucos indivíduos em suas pesquisas, com exceção de cristãos devotos, podiam explicar por que continuaram casados com suas esposas. O casamento como instituição social é arbitrário, flexível e aberto a novas definições. Mas o casamento na condição estabelecida por Deus é um assunto completamente diferente.


Visto que o casamento é um sacramento, todo teste de fidelidade a ele apresenta tanto uma prova moral como espiritual. A intenção de Deus era que o casamento fosse um símbolo do tipo de relacionamento amoroso que ele deseja ter conosco. Jacqes Ellul disse: “Quando presencio o fim de um casamento, porquê um dos cônjuges é tomado de paixão por outra pessoa, fico tão triste como se fosse a morte de uma criança”. Não é de admirar. Caiu por terra uma bandeira, do reino do outro mundo, aqui plantada”



É exatamente por causa da eternidade, imune à ação do tempo, que tudo que está inserido no tempo torna-se valioso, importante e significativo. Por consequência, o cristianismo [...] torna urgente e importante que tudo que fazemos aqui deva estar corretamente relacionado com o que somos na eternidade “Vida eterna” é a única pena ou recompensa pelos valores desta vida


Dorothy L. Sayers



Nota do blogueiro:


Podemos observar que há uma grande diferença entre casar e estar casado, casar é a preparação, a festa, as núpcias, a alegria da lua-de-mel (que pode durar de 6 meses a 2 anos) e estar casado é cuidar da casa, da família, administrar o casamento... há pessoas que se casam sem saber se querem apenas casar ou estarem casadas. Por isso um aconselhamento pré-matrimonial ou curso de noivos é sempre bem-vindo antes do casamento, para que as pessoas saibam no que estão se metendo.

Casamento é uma nova fase na vida com novos aprendizados em que o principal é aprender a amar, mas amar de verdade, não um amor vazio, mas um amor pleno como o de Deus, semelhante ao de 1 Corintios 13. Um amor que não importa o tempo, nada pode apagar.